Quarto de Megan Ivashkov

Till The World Ends!

Baby, let me blow your mind tonight!

No meu quarto, eu choro ainda mais. Tanto que, pela primeira vez na vida, fecho a porta do quarto, à chave. Ninguém podia me ver nesse estado. Sento na cama, abraço uma almofada por ali e fico por uns bons minutos sem fazer nada. Só chorando. Como nunca.
Não. Ele não tinha dito aquilo. Pego o celular e mendo uma mensagem para Lissa.

SMS para Lissa:

É só o que eu consigo digitar. Eu estava tremendo. Sentia um vazio no peito. Acho que essas lágrimas estavam guardadas a tempo demais.
Então, o jogo vira. Depois de uns 15 minutos chorando, levanto, com raiva.
Raiva pelo comandante. Raiva pelo meu pai. Raiva por como os dois mexem na minha vida. Raiva pelo comandante ter me feito chorar. Raiva por meu pai não assinar aquela droga de contrato de uma vez. Raiva pelo meu jeito. Raiva por ter sido chamada de algo que eu não suporto, na minha cara. Raiva por minha mãe. Raiva por Lissa não ter chego ainda. Raiva por não ter continuado tudo com Damon. Raiva pelo mundo inteiro.
Começo a jogar os poucos enfeites do meu quarto para todas as direções. Logo, o chão do quarto está cheio de cacos de vidro e minha mão está sangrando. Exausta, sento no sofá, chorando ainda mais.

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Till The World Ends!

Baby, let me blow your mind tonight!

O comandante bate na porta e eu nem me mexo para abrir. Então ele arromba. Simples assim, como se não fosse nada. Ele pede desculpas, mas, assim que senta do meu lado, eu levanto.
Vai embora daqui!
Pego na mão o único objeto que ainda estava inteiro no quarto: o cubo, em cima da mesa. Jogo na direção dele que, em pé, se esquiva com facilidade. O cubo bate com tudo na parede e se quebra. O meu cubo-esconderijo se quebra. E camisinhas de todos os tamanhos, cores e sabores se espalham pelo chão. Não tinha pensado que isso ia acontecer quando joguei. Choro mais e mais. Com tanta força que sinto tudo o que eu bebi na festa no meu estomâgo e corro para o banheiro. Vomito com naturalidade e, quando saio do banheiro, ele ainda está ali.
Sai daqui! Não tá vendo?! Eu sou uma vadia mesmo! Vai. Embora!
Digo apontando as camisinhas no chão e depois para a porta. Eu estava parando de chorar e com cada vez mais raiva.

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Till The World Ends!

Baby, let me blow your mind tonight!

Ele é muito insistente! Diz que não vai sair e não sai. Tenho que ouvir algo sobre ele se preocupar comigo, ou com a naturalidade, e sobre ele querer me ajudar. Ignoro completamente, pego o celular e faço uma ligação, para o primeiro Bruxo que eu encontro na minha lista de contatos. É claro que começa com A.
Oi, Arthur... Será que você poderia vir aqui no meu quarto um minutinho? ... Não, não é para o que você está pensando... Ok... Te espero, então... Beijo.
Finjo que o comandante nem existe pelos próximos 15 minutos, quando Arthur chega, peço para ele dar um jeito de reconstruir tudo que eu quebrei, ele dá um jeito, dou um beijo de despedida nele e ele vai embora. Simples assim. Agora, só tinha sobrado para mim colocar tudo de volta no lugar. Enquanto fazia esse trabalho muito difícil, falava com o comandante:
Ok, você ficou aí então. Vejamos... O quê é natural pra você? Tá, o seu natural é lutar com as pessoas. Você sabe o tipo de pessoa que é melhor com socos, com tapas, com as pernas e com os elementos. Esse é o seu trabalho. Sai da frente.
Digo quando ele está na frente de um vaso, que não é de flores, e empurro ele para o sofá. Pego o vaso para colocá-lo no lugar e continuo falando:
Já o meu natural é ficar com os caras. Sei o tipo de cara que beija bem, só de olhar, e é moleza descobrir quais são os melhores na cama. Esse seria o meu trabalho, não seria? Já que eu sou uma vadia, como você disse.
Nessa hora, paro de fazer o que estou fazendo para encará-lo.
Mas é muito mais que isso. Essa é a minha forma de diversão e não de trabalho. Você acha que é fácil ficar sorrindo o tempo inteiro e fingir que está tudo perfeito? Porque o meu trabalho consiste, basicamente, nisso. Agora vamos discutir quem tem o trabalho mais difícil aqui? Acho que você já perdeu. E ainda acha que eu preciso, ou melhor, que eu quero a sua ajuda? Eu te odeio, se você ainda não percebeu. Some da minha vida, cara.
Disse, enquanto juntava todas as camisinhas, colocava de volta no cubo e o cubo de volta na mesa. Vou até a minha cama e tiro, de um bolo de revistas de fofoca ali do lado, duas. People e Celebrity Living. Jogo as duas no colo dele. Nós estávamos na capa, do dia da salada no Mc Donalds. Um título era: ''Megan nega novo affair'' e o outro era: ''Será mesmo só guarda-costas?''. Eu estava linda nas duas fotos, já o comandante...
As matérias são piores. Viu a privacidade que eu tenho? É nula.
Tudo já estava no lugar e fiquei só esperando a reação dele.

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Baby, let me blow your mind tonight!

O comandante escuta tudo o que eu digo e depois fala sobre o trabalho dele. Ele precisa mesmo de uma injeção de auto-estima!
Você não precisa me aturar! Estou tentando te expulsar do meu quarto à meia hora! E eu já te perdoei, droga, senão eu tinha saído do quarto! Pode ir embora agora?!
Viro de costas para ele e caminho até o meu guarda-roupa. Simples, à primeira vista: três portas. Duas delas estão atulhadas de lingerie VS, mas eu vou direto para a do meio. Abro-a e, literalmente, entro no guarda-roupa. Atrás da porta fica meu closet circular. É pequeno, simples, prático e preto. Tem um pufe no meio, cor-de-rosa, eu sei, nada a ver, mas foi Lissa que me deu, o que explica a cor e porque eu não joguei fora. O que me faz lembrar que ela não veio quando mandei a mensagem... Estranho. De certo, problemas com o celular. Tomara, porque ela sempre viria. Ao todo, o closet tem 10 portas circulares embutidas. Das 10, 6 são de vidro e guardam o meu bem precioso, o que eu amo: minha coleção de sapatos! Nas outras 4 portas fechadas, eu guardo as minhas roupas. Todas socadas, é claro, mas os sapatos são mais importantes! Abro algumas das portas e sinto o familiar cheiro de sapato novo... A maioria ali eu nem tinha usado ainda, porque não surgia uma ocasião realmente especial. Todos eram pretos, assim como as roupas nas outras 4 portas. Não posso dizer o mesmo das lingeries na duas portas principais, tem de todas as cores lá, e eu nunca compro calcinha e sutiã, uma das vantagens do meu trabalho. Pensar nisso me lembra do comandante. Volto para o meu quarto, para ver se ele ainda está ali. E está.
Vem aqui.
Chamo ele para o closet e, quando ele entra, faço-o se sentar no pufe cor-de-rosa.
Eu penso melhor aqui dentro. Com esse cheiro e tudo mais... Ah, tive uma ideia.
Abro as portas onde estavam minha roupas socadas e tiro todas elas de lá. Isso mesmo, jogo tudo no chão, o que forma um bolo bem gigante do meu lado.
Você está proibido de contar para qualquer pessoa que eu, de vez em quando, arrumo meu armário sozinha. Agora pode começar a falar, como, exatamente, você quer me ajudar e fazer eu me tornar uma pessoa boa. Vai ser divertido de ouvir.
Começo a dobrar as roupas, ou colocá-las nos cabides, ou nas gavetas, enquanto ele falava. Eu fazia isso porque meu pai me levou a uma psicóloga uma vez e ela disse que arrumar o armário ajuda na vida. É claro que eu ri da cara dela, mas tentei quando cheguei em casa, e achei legal. Loucura, eu sei.

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Baby, let me blow your mind tonight!

Isso é mentira.
É a primeira coisa que eu digo, e rápido, assim que ele para de falar. Eu tinha escutado tudo, porque o cheiro dos sapatos fazia isso comigo, fazia eu ser um pouco menos... Bem, rebelde.
Eu não sou uma pessoa ''boa'', eu não quero ''chamar a atenção do meu pai'', eu não quero ser ''Rose Ivashkov'', porque, que droga!, meu nome não é Rose!, ''ficar com vários caras'' é bom sim, você diz que não é só por causa da sua fama de santinho e chato, e eu me sinto bem, saudável e tudo isso que você falou.
Digo, mas paro de arrumar tudo e olho para ele. Fico analizando-o por alguns minutos. Mas eu não estava realmente olhando, estava pensando. Eu queria mesmo meu pai mais para mim, mas quando nos encontramos, nós brigamos. Como eu queria a minha mãe de volta, mas eu acho que mataria ela se voltasse, por tudo que ela já me fez, e continua fazendo, passar. Sobre o meu nome, não tenho dúvidas, ''Rose'' é horrível! Será mesmo que eu fico com os caras por carência? No fundo eu sabia que...
É nessa hora que tenho vontade de chorar de novo e viro de costas para ele, para continuar a arrumação. Que raiva! Não ia deixar ele me ver chorar de novo e consigo engolir as lágrimas, dificilmente, mas consigo. Só não viro de novo para ele.
Será que eu sou tão saudável assim? Resolvi contar pra ele o que aconteceu na última semana. Na verdade, não queria falar nada, mas simplismente, quando vi, já tinha começado:
Sabe porque eu estou aqui, de folga, sem absolutamente nada pra fazer? Porque eu perdi um trabalho, semana passada. E a culpa é sua. A tal saladinha no shopping me abriu o apetite e, naquela noite, eu comi, tipo nem acredito nisso ainda, uma panela de fondue de chocolate. Sozinha. E eu tentei resistir e depois... Quer dizer, no outro dia eu tinha um ensaio fotográfico, só que eu cheguei atrasada. E descobri que engordei 800 gramas. O cliente não quis mais que eu estreiasse a campanha e eu perdi o trabalho para uma loira azeda. Totalmente sua culpa. Agora eu estou tipo de castigo, por uma semana inteira, porque é assim que funciona no mundo da moda. Uma semana para voltar ao peso normal e ''pensar nos meus atos''. Uma droga.
Já estava sem paciência para dobrar cuidadosamente as roupas e colocava tudo no armário de qualquer jeito.
Nunca dá tudo certo como eu quero!
Disse, jogando as roupas de volta, com força, mas sem virar para que ele não visse as malditas lágrimas, de novo.

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Baby, let me blow your mind tonight!

Ele me segura pelos braços e me faz sentar. Depois ajoelha na minha frente e começa a falar comigo de um jeito doce. Diz que eu sou linda e que o cliente foi um idiota em não me querer, que qualquer um seria e que a loira azeda não é nem  metade do que eu sou. Ele estava dizendo coisas boas de mim a o maior tempo, percebi só agora. Acho que é a quarta vez que ele diz que eu sou linda. Passo a mão nos olhos e acabo com o resto de maquiagem que ainda estava ali, tirando lápis e o rímel, que, por sinal, era à prova d'água, ah, claro, sei...
Não é normal comer uma panela de fondue sozinha!
Dou uma sorriso fraco. Levanto e ele também. Num impulso, abraço ele, por exatos 6 segundos... Antes de voltar ao normal e soltá-lo rápido. Passo por ele e volto a arrumar as roupas, tirando as que eu tinha jogado antes e dobrando-as direitinho.
Sabe, você é um desastre como professor. Possívelmente o pior do mundo, mas eu sou, possívelmente, a pior aluna do mundo, então tá tudo certo...
Era a pura verdade, que tipo de professor pega tão pesado com uma aluna como eu, ou foge da aula com uma aluna para conversar, ou fala o que ele disse para uma aluna, ou se mete tanto na vida da tal aluna, ou não pergunta pra aluna onde ela aprendeu o que já sabe se ela nunca teve aulas na vida, ou é tão legal assim com uma aluna que é a maior chata com ele?
Não se acostuma com atos bonitnhos assim... Tá, mas você ainda não falou como vou viver, me sentir bem, saúdavel e normal? Qual a sua ideia pra me transformar na pessoa perfeita?
Faltavam poucas roupas para guardar e eu me olho no espelho sem querer, antes dele falar alguma coisa.
Porque você não falou que eu estava assim?!
Minha maquiagem nunca esteve assim! Que coisa! Chorar era mesmo horrível! Vou no banheiro e uso uma quantidade enorme de demaquilante pra tirar tudo e volto pro closet sem maquiagem. Acho que o comandante nunca me viu sem maquiagem.
Agora sim, pode continuar.
Volto a virar de costas pra ele e colocar em cabides as roupas que faltavam.

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Till The World Ends!

Baby, let me blow your mind tonight!

Eu escuto o que ele diz. Ele está mesmo preocupado comigo, mas depois ele para de falar e fica um tempo em silêncio, viro para ele, até porque já tinha terminado de arrumar tudo. O silêncio se estende por alguns minutos e então eu empurro ele para fora do closet e, quando chegamos do lado de fora, na frente do guarda-roupa, abro uma das duas portas entulhadas de lingerie e pego a primeira camisola que vejo pela frente. Valentine's Day de 2013. Volto para o closet, troco de roupa e, quando saio, falo com ele:
Adorei o papo de auto estima, mas eu não sei se vai dar pra mudar assim. E você está com uma ideia errada de mandarem em mim. Não é bem assim... Passa uma noite comigo que você vai ver... Mas valeu, por tentar. Sério.
Vou até o banheiro e, de porta fechada, forço-me a vomitar mais um pouco, porque realmente tinha bebido demais, e isso era prejudicial, mesmo sem ter comido nada. Escovo os dentes e só então saio do banheiro.
Devagar, fecho a janela, arrumo a cama e deito.
Agora eu realmente preciso dormir. Tudo bem, né? Beleza, então tchau.
Jogo um beijinho para ele, no escuro, e viro de lado, me cobrindo com um lençol e umas três cobertas. Esse é meu problema: sou fria.

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Megan needs me

Till The World Ends!

Baby, let me blow your mind tonight!

Durmo imediatamente e só acordo quando sinto alguém tentando me fazer acordar. Lissa. Ela pede desculpas pelo atraso.
Nossa! Se fosse pra morrer eu já teria morrido, sabia?
Digo, sentando e me encostando na parte de trás da minha cama estilo japonesa. Ela também estava sentada.
Vou resumir: fui em uma festa, fiquei com Damon Greymark, fomos para a praia e lá o comandante acabou com a nossa felicidade. Mandou Damon embora e perguntou porque eu fico com tantos caras. Eu disse que era por diversão, mas que nem sempre é tão divertido, porque tem alguns que pegam pesado comigo.
Percebi que tinha feito algo muito errado. Lissa não sabia disso também, mas não deixo ela pensar muito e logo emendo:
E então ele me chamou de prostituta. Um tipo de prostituta que não cobra.
Silêncio. Levanto e busco dois copos de água para a gente, de cima de uma penteadeira.
Ele me consolou, pediu desculpas, e disse que quer fazer de mim uma pessoa boa. Me deu até uns conselhos. Coitado.
Porque, afinal, ele se importa tanto assim?!

Megan needs me

Till The World Ends!

Baby, let me blow your mind tonight!

Lissa fica claramente surpresa com a atitude do comandante, mas diz que ele foi ''tão educado''. Só podia ser a Lissa mesmo... Se fosse eu, no lugar dela, eu jamais veria o lado bom do comandante! Iria pensar na minha amiga, que foi a vítima dessa história!
Acho que era ele, sim... Eu dormi, não sei exatamente a hora que ele saiu daqui.
Não tinha tomado nenhum gole de água ainda. Não queria que a água abrisse meu apetite. Mais uma panela de fondue, não! Mesmo assim, tomo um pouco antes de responder a pergunta principal:
Sim, eu desculpei, mas só porque ele não parava de encher o saco! Doeu... Sabe? Doeu por dentro... Eu chorei, Liss.
Eu parecia ter cinco anos, na hora, e agora também. Cinco anos, de novo. Só queria deitar e chorar, de novo. Senti as lágrimas, mas não me permiti chorar, não de novo. Não queria perguntar, mas queria saber a opnião de Liss. Sobre mim. Sou assim mesmo?
Você também acha isso?
Minha voz sai fraca.

Megan needs me

Till The World Ends!

Baby, let me blow your mind tonight!

Deitada no colo de Liss, escuto ela dizer que essa é uma forma de diversão e tal. Pois é, nem vou dizer que nem sempre é divertido, porque olha onde essa minha frase me levou da última vez...!
Mas mesmo não sendo divertido, a maioria das vez é, e esse é o problema. Por isso que não dá para parar, simplismente. Porque eu sou difícil e grande parte dos garotos gosta disso, e são muito raras as noites em que não fico com mais de cinco.
Exeto a noite antes do meu aniversário. A única noite do ano em que eu não saio. Não sei porque, mas a noite do meu aniversário mesmo, geralmente, é a melhor do ano. Eu amo o meu aniversário!!! Os presentes, as festas, os garotos, as bebidas, os beijos... Tudo é muito mais legal. Mas perde a graça se eu saio ou durmo com alguém na noite anterior. Loucura, mas diversão.
É. Ele foi longe. Só vou perdoar mesmo se ele me der um belo presente daqui a seis dias!
Então nós começamos a conversar sobre o aniversário e perdemos todas as aulas do dia.

Break the Ice!

We're restless at heart burnin' inside !

De volta ao meu quarto, tenho que colocar mais alguns presentes deixados na porta para dentro. A melhor vantagem de ser modelo: todo mundo, realmente todo mundo, lembra do seu aniversário! Revistas de moda, clientes, marcas famosas, garotos... Todo mundo! As pilhas de presentes já acupavam toda a mesa, o sofá, a penteadeira e aquele pufe cor-de-rosa na frente da penteadeira. Fora os que estavam no chão! Amanhã eu chamaria Lissa e nós abririamos todos. Daí eu daria um monte de coisas para ela, que eu já tinha, porque sempre ganho coisas repetidas, e ela lucraria também. Ocorrem boatos de que eu tenho 30 Iphones e Ipods, somando todos, mas é a mais pura mentira. Eu tenho uns 50 e Lissa deve ter uns 20... Bran também sempre lucra um pouco. Falando nele, estava esperando o único presente que eu abriria hoje: o dele!
Vou para o banheiro aplicar mais uma camada de rímel, enquanto fico pensando em qual será o sapato desse ano. Pelas minhas contas, era Luce que compraria, porque Luce e Lyanna se alternanam comprando os presentes para ele me dar, todo o ano, ela já confessou isso. E ele tinha que me dar sapatos todo o ano. É uma tradição, na verdade, mais uma promessa. Inquebrável, indiscutível.

Break the Ice!

We're restless at heart burnin' inside !

Ele não demora muito para chegar e já chega animado, me pegando no colo e girando. São uma droga esse momentos, me dão vontade de voltar com ele. Me dão saudades dos dias alegres, dos porres que a gente levava juntos, das brincadeiras, das conversas, das noites... Mas eu sabia que não dava para voltar. A gente tinha terminado justamente por causa disso, para não magoar um ao outro, para não trair. Sabe aquele papo: quem ama não trai? Pois é, verdade. Mas quem ama, talvez sinta vontade de trair.
Ele me dá o presente e pergunta sobre o comandante.
Pois é. Meu pai não queria renovar o contrato com a VS. Mas agora já tá tudo resolvido e mesmo assim tenho que continuar com essas aulas muito, muito chatas.
Abro a sacola da Jimmy Choo e encontro um par de sapatos, salto 20, pretos, lindos, magníficos, perfeitos. Bran tinha aberto um dos presentes e descoberto um CD da Britney. Eu caio na risada com ele.
Eu já tenho todos dela! Não ri!
Jogo uma caixa de presente nele.
Eu adoro ela! E adorei os sapatos também. Agradeça a Luce por mim.
Sento no colo dele.
Brincadeira! Eu sei que você pagou. Valeu, Bran.
Encosto a cabeça no ombro dele e ficamos em silêncio por um tempo. Como era há 3 anos atrás.
Vai fazer o que agora? Estou indo para Las Vegas, para uma festa na Strip... Quer vir?
Sussurrei, porque se ele fosse, eu sabia como a noite iria acabar. Como era há 3 anos atrás.

ENCERRADO