Enfermaria

Don't Tell Me How to Feel!

You had it all and now your left for nothing!

Ela me respondeu, disse que estava se divertindo com Lissa, e depois começou a se divertir comigo. Por um pequeno momento desejei ter ido à mais aulas com o comandante, até eu perceber que não adiantaria muita coisa, ela era boa demais, lutava para matar e estava com uma faca e seu inseparável chicote. Caroline quebra alguns ossos e faz cortes profundos. Eu até tento revidar, mas perdi muito sangue e estou meio tonta, então nada dá certo. Meu corpo inteiro dói muito, minha blusa está ensopada de sangue e totalmente rasgada, mas, mesmo assim, não grito, em nenhum momento, e tento ficar em pé.
Quando ela se prepara para o golpe final, os cortes em meu corpo ainda estão longe de fechar, mesmo com toda essa coisa de ''pele de vampiro'', porque eu nem lembro a última vez que me alimentei de sangue. Na verdade, não como nada a um bom tempo. Então eu me seguro em algo e encaro Caroline.
Manda a ver, vadia.
Digo e espero, mas vejo que ela se desequilibra, porque alguém a empurrou. O comandante. De onde esse cara apareceu? Não sei se estou feliz por ele estar aqui ou irritada.
Enquanto ele distrai Caroline, dou alguns passos para trás até encostar em uma árvore e então me deixo cair, escorregar até o chão. Coloco a cabeça para trás, os olhos fechados, ouvindo o som das lutas acontecendo ao redor, e, subitamente, muito enjoada. A próxima coisa de que me lembro é estar no colo do comandante, indo rápido para algum lugar, mas tudo é muito vago, minha visão está meio embaçada e, não sei como, tenho a certeza de que vou morrer. Estou certa disso.
Quando ele me coloca em uma cama e rasga minha blusa, um sorriso divertido surge nos meus lábios, mas eu realmente não tinha controle do que estava fazendo. Ele sai e volta trazendo algo na mão, algo como... uma seringa. Sou tomada pelo pânico, achando que ele só quer apressar a minha morte, me drogar ou algo assim, e tento levantar, mas não tenho força nem para sair da cama. Ele me empurra de volta e injeta a seringa no meu pescoço. O que quer que tenha dentro dela, entra em meu corpo e ameniza toda a dor que eu estava sentindo. Clareira um pouco a minha visão e consigo ver onde estou: na enfermaria, em uma maca, a enfermeira está morta no chão e o comandante está revirando tudo, jogando frascos e vidros no chão, tentando achar alguma coisa. Fecho os olhos por um pequeno instante e quando os abro, ele está na minha frente, me oferecendo garrafinhas de sangue e dizendo algo. Não o escuto, só agarro as garrafas e bebo todas, até o último gole, com uma rapidez impressionante. Não sabia que estava com tanta fome assim. Esse sangue embalado nem se compara ao sangue humano, minha nítida preferência, mas eu poderia tomar mais umas cem garrafas.
Depois de muitas, vejo os cortes no meu corpo começando a se fechar e então olho para o comandante. Ele está muito ferido e me lembro daquela cabana na floresta na hora. De todo aquuele sofrimento. Agora era o mesmo sofrimento, só que em maiores proporções, só que aqui no camp.
Hm... Obrigada? Você provavelmente salvou a minha vida, então... Que tal salvar a sua agora?
Aponto para todos os cortes nele. E eram vários. Lutar com Caroline, ou apanhar dela, não é brincadeira, não.

Don't Tell Me How to Feel!

You had it all and now your left for nothing!

Ele coloca um kit de primeiros socorros na minha mão e tira a camisa. Não era bem assim que eu tinha pensado, mas então vejo o corpo da enfermeira coberto no chão e percebo que vou ter mesmo que fazer isso. Ao menos já estou bem alimentada. Sigo as instruções dele, mergulhando o pano dentro do pote vermelho e começando a limpar os cortes, devagar. Ia doer nele de qualquer jeito, devagar ou não. O comandante pergunta por que eu fui atrás de Caroline, sabendo que ela não iria contar nada.
Porque eu, ao contrário de você, estou cansada de esperar que as coisas se resolvam. Lissa está com eles há mais de uma semana e já ficou bem claro que eles não pretendem devolvê-la, pedir resgate, algo assim.
Respondo, concentrada no meu trabalho chato e sem olhar para ele. Ok, parte fácil feita. Vamos para a difícil.
Pego o necessário para costurar e lavo as mãos antes de começar, para tirar todo aquele sangue. É mais difícil do que eu pensava, até poque tem alguns cortes especialmente profundos, mas 10 minutos depois está tudo pronto.
Agora eu vou voltar pra lá. Caroline não vai sair daqui sem me encontrar de novo.
Eu já estava alimentada, pronta para acabar com ela, e me sentia forte. O suficiente para, pelo menos, uma revanche. Nem que fosse pequena.
O comandante tenta me segurar, provavelmente para dar uma de sábio e dizer que não devo voltar, algo assim, mas consigo chegar até a porta. E então começo a correr de volta para a floresta, sem impedimentos, sentindo meus últimos ossos voltarem para o lugar.

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