Enfermaria

Lugar onde as pessoas vão ao se machucar(meu óbvio), sendo de coisas sobrenaturais ou não.
Tem um espaço amplo e aconchegante.

A nova enfermeira era somente uma voluntária, uma aluna que estava prestes a se formar e deixar o Acampamento. Quando a outra enfermeira morreu no ataque da Noiva das Sombras, ela acabou sendo empurrada para cá, pelos amigos e professores, afinal, sempre fora brilhante em sala. Durante toda a semana ela aprendeu a se virar com o estoque de medicamentos e gaze que tinham, aprendeu a limpar ferimentos rápido e a sempre manter a calma. Foram vários os feridos que passaram pelas suas mãos, alguns mais graves, outros nem tanto. Somente um havia perdido a vida: um garoto do primeiro ano, novo, assustado, que havia mexido com gente grande e pagara por sua rebeldia. Ali, na pequena enfermaria, a ex-aluna não era ninguém além da enfermeira. Sem experiência para atender as pessoas, fazia o seu melhor. 
Havia se passado uma semana sem novas investidas da Noiva das Sombras, o que era relativamente bom, porque significava menos mortos ou feridos. Não tinha ninguém na enfermaria quando ele chegou. O famoso Comandante dos Guardiões trazia uma garota nos braços e parecia bastante preocupado. A enfermeira logo percebeu que se tratava de algo muito grave, já que o Comandante tinha vindo em pessoa trazê-la, mas ele estava preso, não? Então a garota: ela sangrava muito, tinha cortes em várias partes do corpo e já estava morrendo. A enfermeira ajudou-o a coloca-la em uma maca e começou a limpar os ferimentos o mais rápido que podia. Tinham sido feitos a faca, alguns mais profundos que outros, mas ela já tinha perdido tanto sangue... Será que...?
A enfermeira analisou a paciente com calma, sem parar de tratar seus ferimentos. Ah, não. Era a filha do Diretor Ivashkov. Por isso o Comandante Markwell estava aqui, era a filha do seu melhor amigo, ou seria ela a protagonista dos boatos que corriam de que o Comandante tinha achado um novo amor? Não. Impossível, é claro. Mas ele estava tão agitado! Não conseguia parar de andar de um lado para o outro.
O estado dela é bem grave. Mesmo que eu consiga limpar os cortes, ela vai precisar de uma transfusão sanguínea.
A enfermeira tinha o objetivo de acalmar o guardião, mas se havia conseguido ou não, não sabia. 
E, por ser uma vampira, só poderá receber sangue de outro vampiro. O sangue deles é diferente do nosso. Mas isso não será um problema, certo? Afinal, Megan tem muitos admiradores que certamente estarão dispostos a ajudar.
Ela não era muito fã de vampiros, talvez por ser uma bruxa, mas os respeitava. Estava trabalhando em um corte especialmente longo e profundo nas costas da paciente quando resolveu deixar tudo claro para o Comandante.
Existe a possibilidade de que ela não acorde mais, de que fique em coma por muito tempo. Estamos falando de cortes feitos por Je La Lune, vários cortes na verdade. Acho que deveríamos preparar o Diretor para isso. Mesmo com a transfusão... Ela está com uns 5% de chance, entende? A situação é grave.
A enfermeira tinha curiosidade em saber porque Megan Ivashkov tinha ficado daquele jeito. Parecia tortura, é claro, mas era muito pior do que os casos que ela cuidava diariamente. A filha do Diretor também estivera presa... O que andava acontecendo dentro da Casa Branca?

Ao ouvir que Megan precisaria de tranfusões sanguíneas de outro vampiro, o agitado Comandante saiu dali com algumas garrafas nas mãos. A enfermeira tinha uma boa ideia do que ela iria fazer, mas esperava ver para crer.
Sozinha com Ivashkov na enfermaria, a moça procurou alguma bolsa de sangue vampiro nos armários, mas não encontrou nenhuma. A pulsação da paciente já estava em um estado quase irrecuperável. Ela pensou que veria mais uma morte em sua frente, e a primeira já havia sido bem traumática. Voltou às costas de Megan e começou a dar alguns pontos, com cuidado. Foram preciso vários para que o profundo corte se fechasse totalmente. Os cortes na frente do corpo eram mais superficiais, mesmo assim precisaram ser costurados também. Pulsação diminuindo. Algo como 15 batimentos por minuto. Isso era quase impossível de se reverter. 
Christian entrou na enfermaria com duas garrafas cheias de sangue. Ela pensou em como ele havia conseguido aquilo tão rápido. O Comandante ainda aparentava estar meio abalado, mas faria qualquer coisa para manter Megan viva.
Duas garrafas são pouco, mas o suficiente, por enquanto. Ela perdeu litros de sangue. Não vai ser fácil recuperar.
A enfermeira falou, enquanto transferia o sangue, frio, típico dos vampiros, para uma bolsa e depois introduzia o pequeno tubo na veia da paciente.
Temos que esperar para ver como o corpo dela reagirá, mas... Não podemos deixá-la aqui, na enfermaria. Porque a Noiva das Sombras, de vez em quando dá uma olhada aqui e, não sei o que houve com Ivashkov, mas pressinto que não seria muito bom ela ser encontrada por... bem, Ela.
Megan não transmitia nenhum sinal de melhora, mesmo com o sangue novo correndo por suas veias. Até os batimentos continuavam no mesmo ritmo. Desse jeito, ela precisaria de bem mais que uma transfusão. E tempo. Megan Ivashkov era a dona do tempo agora, talvez nunca mais acordasse do coma.
Devemos levá-la para o quarto dela. Passarei lá todos os dias, para a troca dos curativos e coisas assim. Agora só nos resta esperar.
Seria horrível ver mais uma morte, mas, às vezes, o destino nos prega peças. Devemos sair por cima de tudo, ou morrer tentando.